31 de julho de 2010

A educação musical de Anna V

Mais em jeito de recordação de uma conversa numa manhã,
em que sono, sonho e um sorriso conviviam harmoniosamente em mim...
A recordar, aquela frase...



30 de julho de 2010

A ti, Tempo

Espera

Horas, horas sem fim,
pesadas, fundas,
esperarei por ti
até que todas as coisas sejam mudas.

Até que uma pedra irrompa
e floresça.
Até que um pássaro me saia da garganta
e no silêncio desapareça.

Eugénio de Andrade
~~~~~~

Na convergência dos interesses de duas pessoas, chega até mim este pequeno poema...

Para ti, Tempo, que às vezes me apetece odiar.
Para ti, que me apetece ser tua dona e fazer-te ceder aos meus caprichos, fazer-te avançar veloz como o fluir do vento do deserto e até chegar àquele desfecho desejado. Depois, como quem pára uma sequência de vídeo, fazer-te parar para que possa aproveitar cada instante que me for dado a viver.
Deixa para o Espaço a distância, esse traço que queres fazer só teu.
Horas, dias, meses... todos teus, Tempo. Partilha-os e nós faremos deles novas histórias...

27 de julho de 2010

Casa & Lar

A pequena Fö convidou-nos a nós, carinhas perfeitas*, para conhecer o seu pequeno novo formigueiro e para uma experiência culinária inesquecível (há slight possibility disto correr terrivelmente mal).
E aconteceu no passado sábado!
O formigueiro, perdido nos confins de Benfica, é afinal suficiente para acolher 10 amigos e 1 bebé - e ainda inclui um simpático pátio onde se improvisam piqueniques e se fazem sestas subtis - e a experiência culinária correu terrivelmente bem!

Com estas alminhas, as conversas oscilam sempre entre acessos de loucura e momentos de seriedade, questões realmente elevantes e divagações sobre "o sexo dos anjos" e, na grande maioria das vezes, o que acontece é uma mistura curiosa de ambas.

Desta vez, foi a Fö que lançou a questão, muito a propósito e já ao final da noite, quando a capacidade de argumentação é pouca e a espontaneidade das sugestões muita.
 
 
 
Qual é a diferença,
afinal,
entre casa e lar?
 
 

 
As respostas estiveram longe da unanimidade...
Quais são os factores que marcam a diferença?
Diria que lar implica aconchego, protecção, cumplicidade, afecto... e necessariamente partilha. Houve quem advogasse que lar pode ser um espaço só nosso, que o podemos construir sozinhos, e nesse caso, lar implicaria independência. Mas isso não será apenas uma casa? Sim, posso ter uma casa, um espaço meu, criado à medida do que me faz falta... mas será que lar não tem muito mais a ver com família?... Uma casa será acolhimento físico e um lar será tanto físico como - e sobretudo - emocional, não?...
 
Será meramente semântica a questão?
Será que afinal não há diferença?
Falta-me a resposta óptima, mas insisto nos meus argumentos...
 
 
*Tudo palavrinhas da própria Fö!!

25 de julho de 2010

Palavra do dia*

*ou antes, da tarde!

ebulição

1. acto de ferver
2. transformação de um líquido em vapor, que ocorre dentro da própria massa líquida
3. vaporização rápida e tumultuosa, a determinada temperatura e pressão exterior, em toda a massa do líquido
4. (figurado) efervescência; agitação; excitação
(da Infopédia)

Sim,
adequa-se perfeitamente ao meu estado neste momento!

Por fora:
- calor, calor insuportável, que não me deixa respirar!!!
- ninguém pôs água no frigorífico e a água sai tépida da torneira de água fria!
- não tenho AC... a ventoinha está no sótão ainda (PORQUÊ PAHHHH?!!!!!)
- a janela deixa entrar mais ar quente do que vento fresco, e de janela fechada a luz eléctrica aquece ainda mais o ar!!!

E por dentro:
- a fazer um trabalho-teste para entregar amanhã, para o qual não estamos minimamente preparados...
- falta-me a paciência!
- o prof é um sacana idiota que não nos deu ferramentas para fazer esta coisa com o mínimo de sucesso! Sacana!
- as horas estão a passar e isto não está a avançar...
- olho para o enunciado e só vejo a cara do sacana. Apetece-me gritar!
- quero atirar isto tudo pela janela, desistir, mas desistir não é de mim!
- mas quem é que faz trabalhos académicos em Portugal nesta altura do ano?!
- mas quem é que consegue pensar produtivamente com este calor?!!!

Oh, se fazer esta bendita coisa fosse tão fácil como divagar na blogosfera...

Ahhhh, preciso de respirar!!!!

A escrever aqui para tentar desanuviar...
Ou para canalizar energias...
Já tentei ir apanhar ar, mas o calor lá fora não ajuda a atenuar a ebulição acelerada...

Ahhhhh raiva!!!!

24 de julho de 2010

Palavras inconscientes I

(a balançar à solta pelo silêncio)

Tenho vontade de odiar-te, tempo!
Quem não pode quer com toda a alma.
Quem pode nem se dá ao trabalho.
Em quanto tempo se criam afinal as afinidades?...
E como se perdem elas?

Só... bolas que eco estranho...
Mas de Kant porquê?...
E onde é afinal casa?
Estrela cadente que se atravessa à minha frente.
Depressa, grita o teu desejo!
E a lua aparece à esquerda por cima da serra.
Ela sabe, ela está a ver.
Sorrio.
Rio.
Choro.
Choro com um sorriso...

Preciso de dormir... 
Preciso de colo...

22 de julho de 2010

Imprint

Porque há momentos em que tudo te fala ao nervo mais sensível...

Imprinting is when you see that one girl and everything changes.
All of a sudden it’s not gravity holding you to the planet, it’s her.
Nothing else matters.
You would do anything, be anything for her.


E não é que estou mesmo estou mesmo a citar uma passagem do Eclipse?!!
Soa a adolescente, soa a cliché, mas soa também tão certo...



20 de julho de 2010

Palavra do dia

Jumpeamento

Deviam impor-se limites oficiais à criatividade linguística no Brasil.
A sério que sim!
Isto não me parece uma palavra de gente séria, bolas!



19 de julho de 2010

A educação musical de Anna IV

~ trabalho de campo - Super Bock Super Rock ~

A sugestão e a decisão surgiram inesperadamente, mas depressa se revelarou ser uma óptima ideia. Por todos os motivos do mundo.
E pronto, a Anna rumou ontem à sua segunda experiência-festival, desta vez, para se embrenhar na bruma de poeira com sol e depois com lua que pairava sobre o Meco.

Declaradamente leiga quanto aos nomes em cartaz, achei que esta seria uma excelente oportunidade para descobrir, aprender e eventualmente gostar de alguma coisa. Confirma-se!

Começa a parecer-me, pelo que vou ouvindo à minha volta agora, que é qualquer coisa quase vergonhosa dizer que só conhecia os The National de nome. Falha colmatada. Depois de uma primeira impressão mediana ao ouvir o último álbum dos meninos, fiquei bem impressionada com o que ouvi ao vivo! Com vontade de saber mais agora! E a tratar disso!

Ainda antes disso, sentei-me descontraída e a brincar com o nome das 'bestas bravas'... Olha que não tem nada de wild a música deles. Vais ficar surpreendida. Foi mais ou menos isso que me disseram. E não se enganaram. Surpreendida sobretudo pela voz (ou vozes) em falsete e convencida de que afinal são dóceis! :)

Ao início da tarde, antes de atravessar o rio, fiz um zapping rápido pelos blogs do Reader e encontrei uma menina que dizia que seguia para o Meco para ouvir John Butler. Acho que o meu ouvido e a minha mente foram injustos, já era tarde e eu estava demasiado distraída e já não tive capacidade para lhes dar atenção suficiente. Lembro-me vagamente de ter gostado do que ouvi. Dou-lhes nova oportunidade a seu tempo.

E pronto, parece que o ponto alto para a maioria foi o Prince (o Príncipe). Juro que não sabia que havia por aí tanta gente a gostar dele!! Não foi o ponto alto para mim, mas vá lá, eu admito, também gostei*! ;)
Foi um excelente final de noite!

Vou percebendo, cada vez mais, que há muita música a brotar por aí e a que estou completamente alheia... É difícil estar a par de tudo, sobretudo se ela não tropeça em nós... Levei um banho de coisas novas ontem mas acho que é mesmo por aí que as coisas começam... posso não gostar de tudo, mas pelo menos vou ficando a saber...

E pronto, sobrevivi a mais um festival!
E desta vez muito melhor!
Diria que com mais 2 ou 3 até fico fã da coisa!
(Oiço sussurros a dizer "Pago para ver isso!"...)



Imagem daqui
*Private joke! 

16 de julho de 2010

Private joke



E hoje vou estar a torcer freneticamente pela chave dos números do Euromilhões!
Para ajudar às probabilidades, também joguei e tudo!




E mesmo que os números saiam ao lado, já é melhor do que nada! Podemos sempre apresentar uma reclamação contra o raio do algoritmo!


Vá, sorri!
É sexta-feira!
Vai ficar tudo bem um dia!
Eu sei... e tu também sabes...

15 de julho de 2010

Sonhos ao acordar

... e foi com este sonho na cabeça que acordei hoje!
Importa relembrar...


E apesar da noite pavorosa por culpa desta gripe parva,
há sempre coisas bonitas a reter...

11 de julho de 2010

Juízos

Good king. Bad king.
You judge too easily Merlin.
You will learn.

...responde a Senhora do Lago a Merlin quando este se vem queixar de Uther, o rei que ele próprio quis colocar no trono.

~~~~
Julgar parece ser sempre tarefa instantânea para nós, seres humanos. É tão fácil olhar para os outros e tecer um juízo com base apenas naquilo que vemos. Pensar nas circunstâncias, nos sentimentos, nos motivos que poderão estar por detrás daquilo que vemos pode dar trabalho, exigir um esforço psicológico a que a maioria não está disposta...
Tantas vezes somos afinal injustos apenas e só porque não conseguimos sair de nós e 'ver' para além do que nos é dado a ver...
E depois, no momento em que nos roça finalmente na pele algum desses motivos, bom, olhamos para trás e à nossa volta e começamos finalmente a compreender, a tecer as nossas conclusões menos a quente e a reflectir mais...

8 de julho de 2010

Occupational hazard


Tenho estado a fazer um trabalho dos diabos...



Eu sei, eu sei... é sofrível... É quinta-feira, preciso de um desconto...

Chegar a casa...

... e sorrir...

(Não fazia sentido duplicar o post para os dois blogs... Mas merece estar em ambos. Fica aqui o link)

5 de julho de 2010

A reter...

...destes dias a que quase chamo de férias:

- desligar totalmente os sensores é má ideia - uma boa dose de nódoas negras mais uma unha do pé também negra e ainda uma picada feia de um bicho parvo é capaz de ser demais;

- detesto mesmo mesmo limpar o carro;

- ter de ir às aulas em modo de férias é extremamente irritante;

- o Sol faz-me mesmo muito bem;

- preciso urgentemente de começar a beber mais água;

- a solidão pode ser apenas exterior;

- se a questão da distância se resumisse a kms, então a felicidade estaria nas nossas mãos;

- depois do 5 vem o 6 e não muda nada excepto a intensidade e a certeza.
 
Agora, back to business, com a energia e a convicção que se impõe!

4 de julho de 2010

A Troca

«Vendo a carga reveladora das páginas que restam que já começamos a acelerar rumo à felicidade perfeita.*» Fim de citação.
(...)
Ou seja, mentalizamo-nos para o final do romance. Enquanto lemos, temos consciência de que faltam apenas uma ou duas páginas e preparamo-nos para fechar o livro. Mas com um filme não há maneira de saber, principalmente hoje em dia, em que os filmes têm uma estrutura menos rígida e mais ambivalente do que outrora. Não é possível saber qual será o último enquadramento. O filme corre, tal como a vida corre, as pessoas tomam atitudes, fazem coisas**, bebem, falam, nós observamo-las e em qualquer altura, sem avisar, sem que nada esteja resolvido, ou explicado, ou concluído, o realizador decide muito simplesmente... acabar.

~~~~~

Final inteligente, como todo o livro, de resto.
Sem querer ditar um final que necessariamente deixaria alguns insatisfeitos, David Lodge muda de arte e faz do último capítulo não o desfecho típico de um romance, mas um guião de um filme em que ele, já sem ser romancista, e agora como realizador, imobiliza a cena final, deixando ao leitor a tarefa de decidir o melhor desfecho para os quatro protagonistas.

Um livro que satiriza o mundo académico.
Um livro em que os protagonistas são professores universitários especializados em Jane Austen.
Um livro cheio de humor sagaz e subtil.
Um livro com um toque de loucura.
Muito mas muito bom!!

* Citação das páginas finais de Mansfield Park, de Jane Austen
** Quem diria, fazem coisas...

3 de julho de 2010

A educação musical de Anna III



...tripping over all the edges of reality...

Inquietude

O vento vai e volta, da janela para a porta do quarto, numa dança inquieta.
Tal como a mente.
Tal como o corpo.
Tal como o sono.
Tumulto que não deixa sossegar nem pacificar os pensamentos.
Noite que não termina.
Animal preso que desespera por sair dali, por fugir daquele sítio onde não se sente bem nem mal, apenas torpor e solidão.
Voz que não chega para poder gritar.

2 de julho de 2010