4 de julho de 2010

A Troca

«Vendo a carga reveladora das páginas que restam que já começamos a acelerar rumo à felicidade perfeita.*» Fim de citação.
(...)
Ou seja, mentalizamo-nos para o final do romance. Enquanto lemos, temos consciência de que faltam apenas uma ou duas páginas e preparamo-nos para fechar o livro. Mas com um filme não há maneira de saber, principalmente hoje em dia, em que os filmes têm uma estrutura menos rígida e mais ambivalente do que outrora. Não é possível saber qual será o último enquadramento. O filme corre, tal como a vida corre, as pessoas tomam atitudes, fazem coisas**, bebem, falam, nós observamo-las e em qualquer altura, sem avisar, sem que nada esteja resolvido, ou explicado, ou concluído, o realizador decide muito simplesmente... acabar.

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Final inteligente, como todo o livro, de resto.
Sem querer ditar um final que necessariamente deixaria alguns insatisfeitos, David Lodge muda de arte e faz do último capítulo não o desfecho típico de um romance, mas um guião de um filme em que ele, já sem ser romancista, e agora como realizador, imobiliza a cena final, deixando ao leitor a tarefa de decidir o melhor desfecho para os quatro protagonistas.

Um livro que satiriza o mundo académico.
Um livro em que os protagonistas são professores universitários especializados em Jane Austen.
Um livro cheio de humor sagaz e subtil.
Um livro com um toque de loucura.
Muito mas muito bom!!

* Citação das páginas finais de Mansfield Park, de Jane Austen
** Quem diria, fazem coisas...

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