30 de agosto de 2008

No air




É assim mesmo que nos sentimos muitas vezes... quando nos falta alguém especial, falta-nos também ar para respirar...
Difícil é depois encontrar (e querer encontrar) fontes para voltar à vida...

23 de agosto de 2008

Literatura e realidade


Há dias, perguntaram-me por que razão eu me pareço interessar e cativar por ficção em detrimento de crónicas, ensaios, ou tudo o que quer que seja que esteja mais vinculado à realidade...

Pois bem, prefiro a ficção precisamente porque é ela que me permite de alguma forma FUGIR à realidade! Ainda que esteja profundamente intrincada nesta, é na ficção que podemos fugir da crueldade e desilusão desta. É aqui que, mesmo com o mesmo contexto e os mesmos problemas, as personagens conseguem (quase) sempre superar para melhor e ter um final suficientemente feliz.

Estou neste momento a ler crónicas de Lobo Antunes, numa tentativa de desenvolver a minha capacidade de acompanhar o pensamento deste Senhor da literatura portuguesa...

Com a sua sagacidade e perspicácia de observar e transmitir os sentimentos que afectam os seres humanos, Lobo Antunes consegue, em breves pinceladas de ficção, fazer-nos olhar para nós mesmos e, não só à semelhança de Wilde, que o fazia para nos fazer rir de nós mesmos, acaba também por fazer-nos sentir mais incomodados e inquietos, pois desperta em nós a consciência das nossas fraquezas e das inseguranças que tanto queremos camuflar... Veja-se por exemplo "O Fim do Mundo"
http://www.citi.pt/cultura/literatura/romance/lobo_antunes/ala96.html.

Sr. Lobo Antunes, neste momento receio abrir a próxima crónica com medo de descobrir que nova ferida vai abrir em mim... Raros foram os escritores que até hoje tiveram este efeito sobre mim...

22 de agosto de 2008

As



Existem músicas, aparentemente insignificantes, que ouvimos indiferentemente vezes sem conta, sem nos darmos ao trabalho de as OUVIR verdadeiramente...

E quando efectivamente o fazemos, apercebemo-nos da sua força, da intensidade da sua mensagem e de como ela de alguma forma tem a ver connosco...

Além disso, todos nós vamos construindo a nossa própria banda ao longo da nossa vida...
De tantas que fazem parte de mim, começo por vos mostrar esta.

Fechem os olhos, oiçam bem e depois digam-me...


15 de agosto de 2008

Mal ou bem?!

Não me fazes mal. Fazes de mim um ser mais rico, um ser que convive com o tumulto das emoções, que desespera, que se sente desgarrado e, logo em seguida, sente em si o poder de desbravar o desconhecido, que reúne em si o paradoxo e o turbilhão de ser e não ser, de querer exigir céu e terra... e ao mesmo tempo, uma ânsia de dar tudo, de fazer emergir em jorros potentes e espalhafatosos o poder das emoções que despertaste em mim!

Emoções frágeis e intensas como cristal, brilhantes e raras. Emoções que nunca o ser humano comum poderia imaginar sequer que o âmago do seu ser poderia trazer para a vida. E é precisamente isso que é tão surpreendente e mágico e agradavelmente assustador, que no meio de um quotidiano de pedra que nos gela e faz de nós meros autómatos dirigidos por um mundo predador que nos consome a vida em troca de migalhas de vida, no meio desse ambiente mecanizante, um ser tenha a capacidade de fazer brilhar raios de luz perante um outro ser que se julgava irremediavelmente imerso!!

E são esses raios de luz que iluminam o mundo e deixam transparecer que, afinal, servos do quotidiano são também almas vivas que amam, que estão dispostas a quebrar barreiras, a gritar e a combater para fazer viver esses sentimentos!!

E mesmo que seja em vão, nunca o será, porque faz parte da essência do ser humano sofrer, sorrir, sofrer, ser contrariado, cair, voltar a erguer-se... enfim, crescer...

Não é fazer mal, é simplesmente a inacreditável orgânica do que é ser-se humano. Não é fazer mal, é fazer infinitamente bem, é dares-me a mão e ajudares-me a crescer!