9 de janeiro de 2010

Avatar


E se criássemos um reflexo de nós mesmos e entrássemos numa vida paralela?

Apesar de esta Anna que assina o blog ter muito do que sou, Ana Isabel, não deixa de ser uma persona - um avatar - de mim, que vive e se movimenta numa realidade paralela, dissociada do quotidiano palpável e desconhecida das pessoas que o partilham comigo.

Mesmo assim, vivo neste mundo com a mesma intensidade e de forma quase tão real como o outro mundo...

E se um dia percebesse que, na verdade, prefiro viver nesta vida paralela?
E se constatasse que, afinal, aqui posso ser muito mais eu?
E se sentisse que aqui as barreiras físicas e sociais deixam de existir e posso ser quem quero, agir e falar como quero, estar com quem quero, quebrar as barreiras do tempo e do espaço e viver de forma mais pura?
E se um dia isso realmente acontecesse e eu me começasse a sentir espartilhada, sufocada, na vida real?

A verdade é que, muitas vezes, nos últimos tempos sobretudo, tenho querido estar mais aqui, neste lugar inexistente, onde afinal eu sou só uma ideia, uma personagem sem essência corpórea... porque aqui encontrei algo que me faz feliz e que não posso ter na realidade...

E como enfrentar isso mesmo?...
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Fui ontem ver o Avatar...
Não é, à partida, o meu género de filme, e talvez tenha sido esse um dos factores que contribuiram para a minha surpresa...
Um filme que ouvi algures descrever como sendo "pobre em termos de argumento" e que me surpreendeu de forma avassaladora, por todas as mensagens intrínsecas sobre nós, humanidade, e sobre a nossa forma de vida...
E também, obviamente, pela beleza desse mundo paralelo brilhantemente criado pela equipa de James Cameron.
Seja como for, foi daí que nasceu esta, como algumas outras reflexões em que me perdi entretanto...


Img 1 (Reflection)
Img 2 (Avatar's poster)

9 comentários:

  1. “E se um dia percebesse que, na verdade, prefiro viver nesta vida paralela?”

    Será que somos mais transparentes, mais aproximadamente o que somos na essência, nesta realidade do que noutras como a profissional ou com pessoas que ainda não entraram na nossa esfera pessoal?

    Ou esta realidade, do blogue, simplesmente desperta em nós uma faceta distinta?

    Obrigado Anna

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  2. Um belo texto que me deixou a pensar...

    :)

    Bjo!

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  3. Pois e, quando não estamos cara a cara com quem falamos as coisas fluem de modo diferente. Por um lado somos mais directos e mais verdadeiros, por outro lado não somos tão autênticos, porque há coisas que dizemos por aqui que não o conseguiríamos fazer na vida real. Pelo menos não como o fazemos aqui.

    Não sei se me consigo fazer entender, e difícil explicar...

    E e muito bom ter estes momentos, mas nada substitui a realidade. Eu sei do que falo, a internet ajuda muito a matar as saudades mas não tem nada haver com estar frente a frente com as pessoas de quem gostamos.

    Em relação ao filme, sim também achei que tinha muitas mensagens la bem escondidas. Para mim as que passaram foram as ecológicas, ossos do oficio ;)

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  4. Nenhum mundo virtual, por mais real que te pareça, substitui o contacto físico ou visual.
    Por vezes é mais fácil escrever do que falar e por isso achas que aqui neste mundo és mais tu. Mas não te iludas com este mundo sem barreiras, porque ao viveres cada vez mais nele, vais aperceber-te que o mundo do sentir e do amar, também do chorar, é que é o teu mundo, a tua realidade onde não és tu porque é mais difícil sê-lo...
    Não te refugies num mundo sem contacto físico, onde não sentes na tua pele o calor humano, onde não sentes no teu ombro ou no teu cabelo o respirar da pessoa que te abraça, onde não há qualquer aroma ou sabor...
    Luta no mundo real e sê tu mesma em ambos os mundos!
    ;)

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  5. Também fui ver o Avatar só porque o meu grupo de amigos queria. Fui sem grandes expectativas porque não é o meu género de filme. Mas não é que saí de lá surpreendida?
    Adorei o filme! Voltava a pagar o bilhete para o ir ver novamente.

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  6. Compreendo e sinto em mim essas palavras...
    Excelente texto.
    Beijinho*

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  7. Sam Seaborn:
    Já te dei as boas vindas aqui ao meu refúgio, Sam? (É que entretanto já nos cruzámos por outras paragens e acabei por ficar confusa... Bem-vindo, seja como for! :)

    Diria que é mais a segunda hipótese: uma faceta distinta, não menos verdadeira ou essencial, mas que tende a ocultar-se a si mesma na realidade palpável...


    Coiso: De volta, Coiso?!! Ainda bem! Essa faculdade tem-te roubado de nós nos últimos tempos!
    O filme deixou-me também a pensar... foi isto que saiu... e que te deixou a ti a pensar! ;)

    Beijinho

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  8. Bubbles: As mensagens ecológicas também passaram para este lado, e de que maneira! ;)
    Mas a questão deste nosso alter-ego do ciberespaço sempre me intrigou e preocupou e, dando por mim a fazer o paralelo com a desdobragem do protagonista em 2 pessas para 2 realidades diferentes deixou-me a pensar...

    Sim, nada substitui a realidade... O problema surge, no entanto, quando deixamos de ter isso presente na nossa mente...

    Beijinho!
    PS.: Vejo que as malas já chegaram a casa! Ainda bem! ;)

    Letras Escrevinhadas: Sei que te preocupas comigo, amiga, e é por isso que essas palavras tanto me tocaram...
    A verdade é que este mundo é precisamente um refúgio, uma forma de ocupar um certo vazio, uma certa incapacidade de expressão, que nem sei bem descrever...

    Essa sensação de toque é essencial, sem dúvida! No entanto, certas experiências chegam tão perto disso mesmo que começamos a hesitar...

    Seja como for, e em último caso, tenho os meus pés aqui bem na terra... Posso levitar um bocadito, mas, regra geral, volto cá para baixo... ;)

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  9. Olhos Dourados: Então fomos as duas ver o filme com as mesmas motivações e expectativas! Não sei se voltava a pagar, mas admito que gostei bastante! :)

    Invisível: Antes de mais, sê bem-vinda! Esta sensação que dizes compreender é muito natural para quem se movimenta por estes lados, não é?!...
    Beijinho!
    Volta sempre!

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