16 de janeiro de 2010

Avalon

Regresso a casa. Sozinha.
A noite está fria e negra.
O som do rádio está junto a mim, mas sinto-o longe, muito longe.
A minha mente divaga por outras paragens.

Encontro perante mim uma nuvem densa.
Entro.
Não tenho como escapar.
Não quero escapar.

A bruma envolve-me e eu perco o rumo.
Já não discirno as linhas da realidade.
Já não sou eu que me conduzo, mas sim uma qualquer força que não entendo.
Não sei para onde vou.
Aquele é o caminho de sempre, mas já não o reconheço.

De repente, estou numa barcaça à deriva.
Sem remos.
Não vejo as estrelas.
Por fora da bruma, só a noite.
O meu corpo é embalado pelo ondular das águas.

Estou sozinha e não sei o que fazer.
Não há nada a fazer.
Só deixar-me ir.
Entrar nessa hipnose cantada pelo suave beijo entre as águas e o casco...
Imergir nessa nuvem misteriosa, escura, mas meiga e delicada...
Do outro lado estará talvez à minha espera a margem pacífica, o refúgio, da ilha secreta...
Fecho os olhos e deixo que me levem...

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