4 de abril de 2009

Pegadas efémeras

Olhas para ti de fora, recusas a tua própria materialidade, refugias-te na do teu alter-ego e olhas. Sem entrar. Sem deixar entrar. Mero espírito observador, preso no limbo, sem cair nem subir. Maldito espírito crítico que te condena a observar sem te deixar sentir!!

E assim és um mero caminhante que se cruza no caminho dos outros timidamente mas que não deixa marca. As suaves pegadas vão-se com a brisa do vento da ampulheta cruel do tempo. E os caminhos lá continuam, livres e prontos a receber mais pegadas de experiência, de vida, de luz. E os que passaram antes, ou deixaram o brilho de uma marca cravada nas pedras, nas árvores, nas casas… ou então limitam-se a ser meros aromas, sombras de algo que ali esteve, não se sabe bem quem nem quando…

E os caminhos ficam, mas essas pegadas, tornadas pó, somem-se com o vento, vão, esquecem-se, deixam de fazer parte daquele todo onde se julgaram essenciais um dia… Só elas o recordam, como um precioso tesouro, a prova de que pousaram algures, que tiveram corpo e glória, ainda que por efémeros momentos…

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