20 de abril de 2009

Paixão pelas letras

Quem me conhece bem sabe que eu sempre idealizei de alguma forma a profissão docente e que, teimosa e persistente, percorri o caminho necessário para chegar a ser um dia professora... Caminho que foi fácil e claro até... entrar no ensino propriamente dito...

Quem saiu do Ramo de Formação Educacional foi uma professora no papel, mas desmotivada e descrente relativamente ao que encontrou no ensino público e na prática real de ensino nas escolas, onde por vezes me pareceu que era preocupação maior o duelo pela titularidade, a contagem decrescente para a reforma e para "se livrarem das pestes" e as amarguras para com a ministra e o ministério, do que propriamente ENSINAR.

Por outro lado, enfrentar a desmotivação, o desinteresse e ausência de sentido para aprender que se sentia nos pequenos de 12/13 anos com quem trabalhei é como ter de aguentar serenamente baldes sucessivos de água gelada na cara...

Tudo isto é, obviamente, uma generalização! Não invalido - muito pelo contrário, antes comprovo - a existência de pessoas motivadas, altruístas e interessadas, tanto do lado dos alunos como dos professores! Mas infelizmente, a sensação que ficou foi a de que os primeiros tendem a abafar estes últimos... Pena...

Em todo o caso, encontrei esta semana no Expresso algo que me fez sorrir e recuperar de certa forma aquilo que me fez sonhar e querer, do fundo do coração, tornar-me professora e dar tudo de mim para o ser...

Aqui ficam então as palavras de Henrique Levy, escritor e professor, que até agora me era desconhecido, mas que, pelo que li, pode bem vir a tornar-se um must!

Quero ser sempre professor. Não sei ser outra coisa. Comecei a sê-lo tinha uns nove anos e foi no dia em que um jardineiro da casa me pediu para o ensinar a ler e a escrever. Dois anos depois o José fez o exame da 4ª classe e passou. O ensino é, de algum modo, uma forma de religião. É algo a que eu estou disposto e atento 24 horas por dia: deito-me e levanto-me a pensar nos meus alunos.

É este o espírito...

in Revista Única, Edição 1903 de 18 de Abril de 2009

3 comentários:

  1. Infelizmente ser docente hoje em dia é cada vez mais complicado. Ainda bem que encontrar pessoas com motivação fazem o trabalho valer a pena =)

    Já agora, obrigado pelo link ao meu blog, já te retribuí a gentileza ;)

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  2. Confesso que admiro quem tem gosto e jeito para ensinar. Eu n tenho nem jeito nem paciência. É um bocado egoísta, reconheço, mas como eu sempre fui uma pessoa que tentou fazer sempre tudo sozinho, com o mínimo de ajuda possível, e sempre me saí bem, presumo (erradamente) que os outros tb o façam.

    Mas ainda bem que ainda há pessoas como tu :)

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  3. Compreendo-te perfeitamente, Dexter! Haverá poucas profissões em que o altruísmo seja tão essencial como a de professor...

    E depois, a parte complicada de todo o processo é o facto de que o teu sucesso enquanto profissional depende directamente do sucesso dos alunos. E mesmo que sejas um bom professor, se pensares nesta perspectiva, sofrerás sempre com a frustração de não veres frutos nascer do teu trabalho, sobretudo em tempos de desmotivação geral como os que vivemos neste momento...

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