7 de novembro de 2010

Chegar ao fim de um bom livro...

                        

... é como desembocar finalmente na entrada de uma clareira inundada pelo Sol, depois de uma corrida vertiginosa ao longo de páginas e páginas de personagens e locais...

Sentimos os aromas pelo caminho, partilhamos as angústias, as sensações, as descobertas das pessoas que vamos encontrando pela mão do protagonista...  Com ele andamos cautelosamente, corremos desesperados em fuga, gritamos de susto, sustemos a respitação e suspiramos por finalmente chegar a um porto de abrigo...

Seguimos ao ritmo da passagem pelos estreitos e pelas pontes que nos levam de capítulo em capítulo, saltamos obstáculos, abrandamos por momentos para reflectir...

E no final, o passo acelera, as palavras voam à nossa frente... Avançamos, corremos e, ao virar a última página, enfim, chegamos ao destino que o autor desenhou para nós... Nesse momento estacamos, curvamo-nos sobre o abdómen para recuperar o fôlego e voltamos a erguer-nos, olhamos à nossa volta enquanto revemos mentalmente todo o percurso desde o primeiro passo no caminho...

Se o livro é bom, então desejamos ardentemente encontrar um beco, uma entrada de gruta, uma aberta subtil entre as árvores da floresta, que nos leve a percorrer mais e mais, porque histórias boas deixam sempre o leitor a querer mais e mais!

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Zafón tem o dom de nos levar por caminhos assim. A chegada à clareira da última página de cada um dos seus romances deixa-nos sempre na expectativa de descobrir a passagem para mais e mais...

Sendo anterior aos seus dois grandes êxitos em Portugal, não perde por isso em intensidade, poder e ritmo. O imaginário, o espaço e as personagens deixam já antever o estilo do próprio autor e levam-nos para locais que, juramos, já começamos a conhecer, mesmo sem nunca lá ter estado...

Para quando mais?



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