19 de agosto de 2010

Caminhos que se bifurcam


Acreditava em infinitas séries de tempos, numa rede crescente e vertiginosa de tempos divergentes, convergentes e paralelos. Esta trama de tempos que se aproximam, que se bifurcam e se cortam ou que secularmente se ignoram, abrange todas as possibilidades.

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O Jardim dos caminhos que se bifurcam, que o seu autor defende ser um policial, é antes toda uma reflexão sobre o Tempo, a sua não-linearidade, o entrecruzar dos mesmos tempos para as mesmas pessoas que, em cada um deles, vivem decisões diferentes...
Num mesmo tempo acontecem em simultâneo todas as hipóteses - ficar e seguir, dizer sim e não, aceitar e recusar, conhecer e ignorar...

Em qual desses planos entramos nós?
E como fazer para saltar entre eles e experimentá-los, escapar à condenação da linearidade?...



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Começo a nutrir um enorme carinho pela forma como Jorge Luis Borges abre as portas a planos completamente diferentes, insólitos e impossíveis, partindo sempre do que é palpável e real. Um eremita que cria um ser a partir do seu sonho, uma sociedade pacífica cuja lei passa a ser o Acaso, o tempo que deixa de ser linear e permite todas as possibilidades, uma terra que não existe mas que está documentada numa enciclopédia...

E porque o início da viagem é sempre o nosso real, quando chegamos ao último ponto, não conseguimos fechar de imediato o plano da ficção e eliminar o seu efeito sobre nós...

1 comentário:

  1. Para respeitar um autor que tanto estimo, socorro-me de Santo Agostinho e das suas «Confissões» para escrever que terá sido este quem melhor escreveu sobre o tempo.

    Há uma definição simples que gosto de utilizar, à qual me acomodei, por todas as razões e mais alguma:

    O Tempo é a medida da de uma cronologia.

    Nela, suponho eu, estão incluídas todas as possibilidades de pensar o tempo, desde o passado, o presente e o futuro, assim como as emoções que marcaram o seu decurso.

    Bjs

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