5 de setembro de 2010

Os livros que devoraram o meu pai



Sobre as memórias:

As nossas memórias nunca são verdadeiras ou absolutamente verdadeiras, são apenas uma interpretação. Existem outras, e ao longo dos anos vamos vendo o passado com uma luz diferente. As nossas memórias vão sendo vistas de diferentes perspectivas, conforme aquilo que aprendemos e conforme aquilo que sentimos no instante em que as relembramos.

~~~~

Raskolnikov, protagonista foragido de Crime e Castigo e refugiado algures em Fahrenheit 451, em busca de paz e de libertação da sua culpa, fala assim para Elias Bonfim, também ele foragido da realidade, perdido algures num dos livros da estante do sótão da avó...




Pergunto-me quantos mais romances de autores portugueses andarão por aí sem que uma editora lhes dê a oportunidade de serem publicados e promovidos...

Li algures que o argumento - pelo menos um dos seus planos - peca por alguma brusquidão... Contudo, não foi isso que ficou na minha impressão: agradou-me e muito o predomínio declarado do intertexto (estratégia pela qual nutro um enorme carinho), do invocar de livros, autores, personagens, de os reunir e de os dinamizar. Agradou-me a viagem literária, por estes "universos paralelos" "encostados uns aos outros numa prateleira". Sim, aqui a expressão entrar no livro passa a ser literal.

Lê-se de um fôlego (mas sem ter de suster a respiração!) com um sorriso no rosto. E fecha-se os olhos e sonha-se com os mundos dos livros por onde Elias se passeia...

2 comentários:

  1. Muito obrigado, Anna!
    É sempre muito bom ler coisas destas.
    Bj,
    Afonso

    ResponderEliminar
  2. De nada!
    Foi realmente um prazer ler este livro, tal como o é ver passar por cá o seu autor!
    *

    ResponderEliminar