Ao avô António,
pela estranha saudade.
Ao avô João,
pelo desejo de melhoras rápidas.
Não se fala muito dele, como se verbalizar agudizasse a dor pela sua ausência. Não importa. Vou-me encontrado com ele nas pistas que deixou pelo caminho.
Encontro-o nas páginas dos livros que deixou arrumados na estante antes de partir, faltavam ainda alguns dias para eu vir ao mundo, há 27 anos atrás. Palavras escritas a carvão, sumidas porque se foram fundindo com o amarelecimento do tempo. Sublinhados, traços, palavras breves, reflexões e referências, tudo desenhado numa caligrafia lenta e estudada de menino de escola.
Era um homem do campo, mas fazia das viagens em tapetes de páginas voadoras a sua fuga dilecta, à luz ténue de uma candeia de azeite. Não se fechava naquele vasto mas ocluso mundo de terras e vinhedos protegidos pelas muralhas do vale. Não. Voava além destas e crescia, crescia…
E enquanto releio as suas anotações, nestes livros velhos mas imortais e sábios, percorro as mesmas estradas de papel que ele e, juro, se fechar os olhos, sinto a sua mão na minha, sinto que caminho lado-a-lado com ele...
E enquanto releio as suas anotações, nestes livros velhos mas imortais e sábios, percorro as mesmas estradas de papel que ele e, juro, se fechar os olhos, sinto a sua mão na minha, sinto que caminho lado-a-lado com ele...
Para o desafio de Dezembro,
Muito bom :)
ResponderEliminarBela participação.
Obrigada, Johnny! ;)
ResponderEliminar