Redoma invisível e fechada.
Lugar onde o silêncio mantém a salvo das torrentes de palavras desconexas e desarticuladas que lanço ao vento.
Não falar. Não invocar. Somem-se os argumentos.
As emoções não se teorizam, não as podemos esperar compreender nem saber explicar.
Este lugar é meramente uma máscara translúcida, uma linha ténue que amortece os sons e os embates.
Mas aqui o ar não se respira, o silêncio é ensurdecedor e no caminho não se anda.
Aqueles do outro lado da mesa, aqueles que me seguram a mão, pedem que reaja.
Sim, aceno. Aceno com honestidade.
Sim, quero, vou fazer.
Mas querer reagir não é o mesmo que reagir.
Perguntam-me pelo sorriso.
Louvam-no se ele espreita inadvertidamente.
Que seja. Um pequeno esforço mais e empenho para usar a máscara.
Exaustão.
Neste não-lugar baixo os braços e admito que me faltam as forças.
As palavras que se acumulam dentro desta redoma ameaçam transbordar e sair a qualquer custo, provocando um caos maior do que em liberdade. Vão escapando como conseguem, se não em verbo, então em reacção.
Outro dia queria odiar o tempo.
Hoje chamo por ele e imploro-lhe que fique comigo.
Preciso dele para sair daqui.
Só há uma solução, é começar. All great journeys start with one small step. *
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