25 de novembro de 2009

Entre os salpicos do orvalho e as caudas das estrelas

Relembro as curvas e os traços do caminho que me levou até ti... há quanto tempo foi? Já não o sei...

Relembro a descoberta de letras de sonho... bastava fechar os olhos e imaginar... e voava até esse mundo escondido no fundo da tua alma, nesses momentos de magia beijados pela brisa do vento que sopra suavemente vindo do sul... e era aí que me perdia... e vagueava sozinha e secretamente...

Como era mesmo o rasto de pedrinhas que deixaste para que chegasse até ti? Não, não eram pedras... eram salpicos do orvalho da madrugada, e cada um deles cintilava efemeramente, apanhava o meu olhar e logo desaparecia para deixar que o próximo brilhasse... Levaram-me até ti e deixaram-me à tua janela, por onde espreitei e encontrei o teu doce e meigo olhar que contemplava ausente o vazio... Não me viste... Ou assim o pensei...

Olho para trás e descubro que também tu lá tinhas estado à minha janela... tinhas seguido o rasto de uma noite de estrelas e encontrado por acaso este vale encantado onde me escondo... também tu paraste a observar enquanto debruçava o meu olhar sobre um livro... lembras-te de qual era? Sim... aquele que bem reconheceste...

Dir-se-ia talvez que os nossos caminhos se cruzaram... eu diria, porém, que fomos nós que inconscientemente traçámos esse caminho, que soubemos no nosso coração que haveríamos de nos encontrar e reconhecer... Quantas vezes ficámos à janela um do outro, apenas contemplando outro sonhador como nós mesmos? Os passos, os sorrisos, as letras, as cismas? Quantas vezes desejámos secretamente que o outro lá dentro olhasse na direcção da janela e encontrasse o nosso sorriso? E no entanto sabíamos que haveria de chegar esse momento, sem que tivessemos de o pedir...

O nosso encontro?
Algures, a meio caminho entre os salpicos do orvalho e as caudas das estrelas...

2 comentários:

  1. será o destino que leva dois caminhos a cruzar? ou será a nossa vontade?

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  2. É bom saber que há pessoas que sentem como nós.
    É pena que tenhamos tendência a complicar o que é tão simples.
    Beijinhos.

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