A minha Becky decidiu esta noite deixar de viver. Após 12 anos de vida, e à entrada do Outono, esta Husky doce achou que era suficiente e partiu...
Tenho um nó na garganta que me aperta faz brotar lágrimas nos olhos de cada vez que penso nisso. Por saudades, pela lembrança, mas também por que sinto que lhe dei pouca atenção nos últimos tempos...
A Becky era um bichinho lindo e misterioso, com um olho castanho e outro azul, absolutamente independente e elegante. Quando era novita, costumava deitar-se por baixo da mesinha do telefone e quando se levantava, levantava-se com ela a mesa e saltava o telefone, a jarrinha das flores e tudo o resto que lá estivesse...
De vez em quando passava-se e roía os pés das cadeiras, mas era adorável...
Quando a minha mãe considerou que ela estava demasiado grande (e peluda) para dormir em casa, mudou-se para um canil especialmente construído para ela, que dava para a janela do meu quarto...
Era extremamente forte... quando a levava a passear, era frequente ser arrastada ou mesmo cair por conta dos puxões dela...
No Outono e na Primavera, quando mudava de pêlo, lá tinha de a escovar, o que ela simplesmente detestava! Costumava sentar-se teimosamente no chão para eu não lhe escovar a cauda, fugia sempre que possível, mordia a escova, ... usava de todas as estratégias para boicotar o meu trabalho...
Tinha medo de carecas! Parece absurdo, mas é verdade! Enroscava o rabito entre as pernas e escondia-se onde pudesse quando se aproximava o meu tio careca! Adorava o meu pai, mas tinha-lhe um respeito sagrado, por conta da sua careca!
Afinal de contas, 12 anos de lembrança guardam em si muitas histórias...
Sinto que não fui grande dona e companheira nos últimos tempos... e isso aperta-me mais o tal nó na garganta... Desde que a Boobie foi lá para casa, é claro que foi ela se tornou a minha companheira... Tenho espaço no coração para as duas e para todos os outros, mas não tinha tempo para tanto...
Eu sabia que ela andava abatida e cansada já há uns dias, mas tenho chegado a casa tarde... da minha janela, a noite já não me deixava vê-la... Não ia ao pé dela já há uns dias... perdi a minha oportunidade de me despedir...