Cumplicidades...

Noite

Lá fora, sopra uma brisa leve, mas fresca,
o sussurro da Natureza para confessar que os serões estivais se foram já embora...

Adormecemos ao som dos galhos das árvores a balançar...

Acariciam-se entre si,
numa dança curiosa e sedutora...

A serenidade opaca desta hora tardia convida a adormecer
calma e pacificamente...

Os olhos pesam e o corpo deseja já o aconchego do cobertor,
como se também cá dentro
soprasse aquela brisa sussurrante...

Madrugada!

O céu estoira sobre as nossas cabeças!

A noite, que adormeceu serena connosco,

desperta agora,
como que de um pesadelo, com um rosto totalmente diferente,

e lança sobre nós raios enraivecidos e retumbantes,
roubando-nos ao sono...

Vestida de trovoada e de espessas cordas de chuva,
clama pela nossa atenção!

Não quer adormecer ignorada!

Quer que todos a observem e pasmem com a sua beleza e imponência!

Ataca violentamente os ramos apaixonados que poucas horas antes se acariciavam sob a sua bênção!

Ficamos ao mesmo tempo fascinados e aturdidos por esta demonstração de imponência...

O que quererá ela afinal?

Será raiva? O que fizemos nós por isso?

A resposta chega naturalmente... nada de fúrias...

Esta respeitosa mestre-de-cerimónias

pretende apenas anunciar

com pompa e circunstância

a chegada do Outono!

Para que não fiquem dúvidas que o Estio se recolheu finalmente para dar lugar ao seu justo sucessor!