A minha terra está de luto.
No domingo ao final da tarde começou a propagar-se a notícia como um rastilho de pólvora. De início ninguém acreditava que pudesse ser possível e então ia-se perguntando aqui e além se era mesmo verdade! E era. No domingo, numa prova de Quad Cross, um miúdo da terra perdeu a vida. E a vila toda está em choque, ainda incapaz de assimilar a tragédia.
Tinha 22 anos, toda a gente o conhecia. Chamava-se Vando, era um dos padeiros que vendia pão pela vila (o negócio da família desde sempre) e toda a gente o via pelas manhãs e, de resto, era um miúdo igual a tantos outros da sua idade! Inconsequente e irresponsável muitas vezes, começou a conduzir ainda antes de ter carta de condução e, ainda que apanhando um ou outro susto, a verdade é que ele tinha mesmo jeito para a coisa.
E no domingo, enquanto fazia aquilo de que gostava e que sabia bem como fazer (tinha sido vice-campeão nacional no ano passado), aconteceu o inesperado e o irremediável...
Tudo me faz confusão nisto. A idade. A injustiça. A ironia.
Era irresponsável tantas vezes, sim (não o somos todos?!), mas foi precisamente a fazer aquilo de que gostava, aquilo para que tinha jeito e pelo que havia sido já reconhecido que isto aconteceu.
Precisamente quando não estava a fazer nada de errado...
Há coisas que custam a assimilar mesmo. E custam a aceitar. A morte, principalmente na juventude, é uma delas. Se só morressem as pessoas que estavam a fazer coisas erradas, também não seriam mortes mais justas... :) É precisamente a fragilidade da vida que a valoriza Anna... e essa é uma lição que vamos aprendendo com a própria vida, e com as perdas ao longo do caminho.
ResponderEliminarBeijinho