18 de abril de 2010

Pequena nuvem

Cansados de mensagens pendentes e de sentidos perdidos, exasperados com o defraudar das expectativas semeadas pelas infames maravilhas da tecnologia, decidiram enfim confiar as suas missivas a um Hermes mais fiel.

Numa noite de Abril, então, uma nuvem pequena mas determinada deslizou para cá e para lá, solicitamente trazendo e levando, penduradas e presas com doçura nas suas cordas de água, mensagens, sorrisos, palavras, silêncios…

E enquanto de um dos lados todas essas entregas permaneceram em eco até muito depois de dispensada a prestável nuvenzinha, essa cúmplice fiel regressou, pé ante pé, até ao outro lado e ali ficou, à janela, ainda durante um bom tempo, acariciando a persiana com os seus dedos suaves, repetindo sons e tons, espelhando o melhor que soube o eco das palavras do outro lado…


Porque me apeteceu dar vida
a essa companheira de ambos
 neste fim de noite.
E porque ela foi
a mais sortuda de nós os três.

2 comentários:

  1. Eu também gosto muito de nuvens. Acho as formas delas deliciosas principalmente quando está um dia azul e solarengo:)
    bj*

    ResponderEliminar
  2. Uma nuvem? Curioso que algo meio indefinido possa transportar tantas sensações que nos preenchem por inteiro...

    ResponderEliminar