Enquanto percorria o caminho, fui gradualmente percebendo… Se, com o sol a bater-me no rosto, julgava levar comigo algo que fazia falta a alguém, fica de súbito muito claro que, pelo contrário, ia sim ao encontro de algo que me fazia falta a mim.
Do alto de toda esta pretensão, desta necessidade de provar a tudo e a todos que sim, que sobrevivo, que me aguento de pé sem ajuda, mesmo no meio de um furacão, vou percebendo que não sou mais do que um pequeno barquito, resistente e teimoso, que ora vai vogando ao sabor da maré, ora se insurge contra o vendaval, sempre convicto de que se salva a si e que, mais, insiste em salvar o seu marinheiro. Esse pequeno ser divagante precisa afinal de um porto de abrigo, de um cais onde possa finalmente parar e deixar acalmar a sua respiração...
Todos nós precisamos não é? Quanto mais corrermos atrás dele, mais longe ele fica. Tal como me disseste, "Tu sabes que vais ter de ultrapassar isso." Não vale apena corrermos atrás de fantasmas porque eles não se deixam apanhar. Abraça o tempo e olha em teu redor, tens mais do que imaginas! :)
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