Quando era mais nova, diziam-me que com a idade se vai
perdendo a inocência e ganhando paciência. Nessa altura, ansiava pela segunda e
temia a primeira… Olho para trás e percebo que quem me disse isso sabia do que
falava…
Talvez não me tenha tornado assim tão mais paciente do que
era há uns anos atrás, mas aprendi seguramente
a desesperar menos, a dominar a pressa, a tolerar as contrariedades…
Quanto à inocência (alguma vez a chegamos a ter?), ou antes
a ingenuidade, sinto-a cada vez mais a toldar-se pelas sombras da realidade. É impossível
levar abanão atrás de abanão e continuar com a mesma segurança de sempre. Cada
vez mais percebo que as boas acções ficam apenas para quem as pratica. Consta
que sou boazinha. Talvez. Mas não sou nenhuma Madre Teresa. Se faço as coisas por
prazer, ou por amizade, ou por amor, o que for, posso não querer retribuição mas
espero ao menos reconhecimento. Espero que um dia qualquer olhem para mim e pensem:
Bolas, já estive no lugar dela uma vez. E como é que ela agiu nessa altura? Não
é assim que funciona, no entanto. O caminho daqui para a Lua nem sempre é o
mesmo que o da Lua até aqui. Então, para quê preocupar-nos? Para quê pensar
nisso (como dizia alguém ainda há pouco ao meu lado no sofá)?... E assim vamos
aprendendo a querer saber cada vez menos... Vamos observando com um olhar mais
atento e menos inocente e vamos percebendo que cada vez vale menos a pena querer saber… E vamos eventualmente ganhando em sanidade mental…
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