2 de outubro de 2012

Snobs debaixo do braço


Suponho que também haja algo de snob nesta mania incorrigível de andar sempre sempre com um livro, mesmo sabendo que em determinados dias não terei sequer a oportunidade de o abrir. Será mais defeito do que feitio, mas gosto de o encarar como um hábito, como o de quem não sai de casa sem o relógio ou o telemóvel…

Snob ou não, nos últimos dias têm andado comigo outro tipo de snobsos de Thackeray.

Esta colectânea de ensaios de Thackeray é inevitavelmente datada, espelhando em tom satírico a sociedade sua contemporânea, com todas as hipocrisias e caricaturas sociais, virtudes ocas e méritos de fachada. No entanto, alguns destes snobs não deixam de ser actuais, não pelas vestes e pelos contextos, mas sim pelas atitudes e pelos princípios subjacentes aos mesmos. Podemos lê-los à luz do séc. XIX, ou podemos fazer o exercício de as imaginar como metáforas dos nossos dias… E um toque de sátira sabe sempre tão bem…


Sempre admirei (...) essa exibição de graduação hierárquica que a última criaturinha aqui mencionada (que ainda há pouco levara uns bons açoites por escrever com muitos erros) vá comandar grandes guerreiros de barbas brancas (...); graças ao dinheiro que tem passa à frente de homens com mil vezes mais experiência e mérito do que ele (...) e acabará por receber todas as honrarias da profissão enquanto o soldado veterano que comanda não tem, pela sua bravura, outra recompensa que não seja uma cama de hospital (...)

"Sobre alguns snobs militares" 
O Livro dos Snobs

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