Quando eu era pequena, os meus pais deixavam-me bem cedinho na escola. Por vezes mesmo antes das 8h da manhã. Os trabalhos não se coadunavam com atrasos e, como tal, lá me deixavam.
Era quase sempre das primeiras crianças a chegar à escola. E estava lá sempre alguém para nos receber. Na escola primária, encontrávamos sempre à porta a Dona Virgínia ou a Dona Rosa. Nunca sequer as vimos sem a farda da escola. Estavam lá sempre sempre para nos receber. Nunca encontrei o portão da minha escola fechado.
Mais tarde, no externato, os horários matutinos persistiram e, uma vez mais, nunca encontrei o portão fechado. À entrada, normalmente encontrava o Senhor Mantas, o porteiro, ou uma das "senhô’contínuas" do turno da manhã, a Doroteia ou a "Tia" Lurdes, quase sempre...
Não havia professores ou educadores a essas horas. As aulas não começavam antes das 8h30. No entanto, havia pessoas para nos receber e as portas estavam sempre abertas para os alunos.
Ainda que seja a primeira a defender que a escola não é um repositório de crianças, entendo que deve ser um espaço sempre de portas abertas para as receber. De Inverno ou de Verão. Com um horário que seja minimamente coerente e que se coadune com os horários de trabalho de boa parte dos encarregados de educação.
Esta manhã fui deixar o meu sobrinho de 5 anos à escola. Com a minha cunhada na maternidade com a pequenina e o meu irmão a sair cedo, demasiado cedo, para trabalhar, a tarefa ficou a meu cargo hoje. Oportunidade perfeita, também, para cumprir o prometido e ir ver a árvore de Natal em material reciclado feita pelos meninos.
Cheguei às 8h20 e toquei à campainha, que é o procedimento normal, segundo ele. Vem à entrada uma auxiliar que eu bem conheço.
- Lamento, mas só abrimos às 8h30. Vai ter de esperar. Não temos autorização para receber crianças antes dessa hora.
E voltou para dentro.
Fiquei ali à porta com o miúdo, sem saber muito bem o que pensar ou dizer. Estavam 7 graus na rua.
- Lamento, mas só abrimos às 8h30. Vai ter de esperar. Não temos autorização para receber crianças antes dessa hora.
E voltou para dentro.
Fiquei ali à porta com o miúdo, sem saber muito bem o que pensar ou dizer. Estavam 7 graus na rua.
Esta auxiliar, também ela mãe (o que ainda me chocou mais), recusou-se a abrir o portão da escola 10 minutos mais cedo do que o estipulado para o meu sobrinho entrar. Nem sequer lhe pedi para o deixar lá porque tencionava ficar com ele. Mas ela nem o portão abriu. Falou connosco através das grades. Porque os horários são para cumprir, alegadamente. Nada contra. Mas não estamos a falar de uma fábrica ou de uma empresa que trata com objectos e números. Estamos a falar de uma escola. Estamos a falar de seres humanos. Estamos a falar de um espaço em que a primazia vai necessariamente para o bem-estar das crianças que o frequentam...
Não, não compreendo nem aceito!
Se as senhoras funcionárias entendem que não podem trabalhar mais dez minutos do que o estipulado e que não podem abrir excepções, então talvez devessem trabalhar numa fábrica em vez de serem "auxiliares de acção educativa"...
Aproveito para desejar um Feliz e Santo Natal
ResponderEliminarhttp://utopiarealista.blogspot.com/2011/12/feliz-natal.html