A manhã despertou triste, cinzenta e turva, como que espelhando as águas que agora embalam preguiçosamente o casco do navio.
Estamos a instantes de aportar na baía.
Aportar na realidade.
Os elementos são solidários comigo e dispensam a cor e o brilho que também eu deixei lá atrás.
Oculto o tímido desejo de que o meu companheiro de viagem neste sonho impossível o sinta também e que corra determinado até ao comandante, que o persuada a desembarcar os outros passageiros, a içar a bandeira da quarentena e a levar-nos para longe da costa, para o largo, onde a monocromia da realidade não nos apanhe, e nos deixe viver indeterminadamente este sonho.
Acalentados pela maré, os nossos sonhos, os nossos sorrisos, as nossas palavras e promessas pareciam abafar tudo o resto! Mas a maré vai e volta…
Leva-me de volta, não deixes que a realidade nos sufoque novamente…
Mas este é um grito surdo, que não ecoa cá fora, apenas na minha mente…
E o navio aproxima-se lentamente, mas determinado…
Choro baixinho…
Toda a maré que vai, também volta. Aguarda por tempos melhores. E nao chores...
ResponderEliminarThank God que te convidámos para a festarola:)
ResponderEliminarNão gosto nada de te saber assim! E para prevenir isso, vou tentar passar por cá mais vezes, e também vou esforçar-me para escrever mais vezes!!
Mil beijos*