26 de março de 2013

És mesmo tu, Anna?


Essa que está neste momento a ouvir as músicas da banda sonora do FIFA?


É que uma pessoa não joga, não olha para aquilo, nem tão pouco está interessada em fazê-lo!! Mas o raio das músicas ficam-nos no ouvido! 

19 de março de 2013

Engano de Roth... ou o desengano da Anna


Chego ao fim deste livro e concluo que a minha perspectiva da literatura é demasiado 'clássica', se é que isso se pode dizer...

Quero e preciso de saber o mais possível sobre as personagens. Andar meio às cegas, ter de deduzir (sem seguranças) quem é quem, sem nomes nem locais, ter quase só fotogramas em jeito de flashbacks, para mim, não chega para me encher as medidas enquanto leitora.

O livro só me "apanhou" no último terço, em que finalmente o narrador "põe ordem na casa" e, ainda que inadvertidamente, deixa deduzir relações e intenções.

Se a obra de Roth se define por estas linhas, então não me chegará a encantar... Problema meu quem, talvez por serem contemporâneo, esperava encontrar em Philip Roth um outro David Lodge...


17 de março de 2013

O valor do trabalho

Há dias pediram-me para fazer um orçamento para a tradução de um documento. Um documento de uma área técnica específica e que me ocuparia cerca de dois dias e meio de trabalho. Fiz o orçamento, de acordo com os parâmetros habituais, e enviei-o. Há 9 dias atrás. Não obtive qualquer resposta de quem mo pediu. Nem um "Não obrigada! É muito caro, não posso pagar!", nem tão pouco um "Que abuso, vá roubar outro!"...

Andei uns dias a pensar na possibilidade de ter feito um orçamento ridiculamente astronómico, de ter abusado, de poder estar a sobrevalorizar o meu trabalho...

E entretanto, ontem, enquanto conduzia à noite, dei por mim a fazer contas... Por dia, o meu trabalho vale apenas mais 5 euros do que o da senhora da limpeza.* A quem se paga sem discutir, tão simplesmente porque nós não o faríamos melhor.

Poderia questionar o valor do trabalho dela e o valor do meu, mas isso seria totalmente falacioso, porque cada um deles vale o que vale.

A senhora da limpeza não faria o meu trabalho, mas eu também não faço o trabalho dela tão bem como ela. Nem tenho tempo para isso, já que as 7 horas (no mínimo) que ocupo por dia a fazer o meu trabalho são horas que não posso dedicar ao trabalho que ela assume. E, até ver, os dias ainda têm 24 horas para cada ser humano.

Da mesma forma que nos indignamos por dentro quando o canalizador nos apresenta o orçamento do arranjo dos canos do lavatório da cozinha. Indignamo-nos, mas acabamos por aceitar e pagar porque nós não fazemos o trabalho dele. E precisamos que ele seja feito.

Valerá o trabalho do canalizador ou da senhora da limpeza mais do que o da tradutora? Ao ponto de nem uma resposta merecer, mesmo que negativa?!...



*Sendo que eu pago impostos sobre esse valor e ela não, 
mas isso são outros quinhentos...