31 de janeiro de 2011

Água que brilha na água


Refugio-me sob a dança da chuva 
num esforço para fugir das lembranças que correm atrás
de mim. 
Um estacionamento. Dois lugares.
Um almoço combinado em cima do joelho. 
Banal. Fast food. Sublime. Amor.
Renasce tudo.
Já não quero estar ali. Já não quero comer.
Fujo. Tão depressa quanto posso. 

Chove. Melhor. Os pingos pintam o caminho das lágrimas.
Jardim solitário.
O velhote ao fundo que se abriga a si e ao cão 
debaixo da copa da árvore grande. 
Não me vê.

As poças de água do caminho reluzem.
Juro que se reflectem os raios de um Sol que hoje 
não existe.
É aquele efeito estranho. Água que brilha na água. Ilusão.
Neste jardim, tudo se cobre de cores de Inverno hoje. 
Não ajuda.
Mas eis que no meio da relva,  
entre mais castanhos do que verdes,
surge o branco, enfim.  
Asas claras que nascem improvavelmente no meio 
de tanta opacidade, de tanta ausência.
Desafiam as leis da gravidade e lá estão elas.
Um milagre. 
E no entanto tão simples e comuns.

E entretanto a chuva passa. 
O cinzento persiste lá em cima,
mas isso é porque o Sol está aqui em baixo,
do outro lado da objectiva. 

28 de Janeiro de 2011
Jardim de Alverca

28 de janeiro de 2011

A educação musical de Anna XV

Não entendo.
Se os sentimentos nos pertencem a nós
e não nós que pertencemos aos sentimentos
então porque é que não temos controlo sobre eles?...

Presa do lado de fora, é assim que me sinto. Ainda.
Mesmo sem estar já segura de que ainda existe um lado de dentro...


[Benjamin Biolay ~ Douloureux Dedans]

24 de janeiro de 2011

Votar para quê?


voto
s. m.
1. Sufrágio ou manifestação da opinião individual a respeito de alguma pessoa ou de alguma coisa que queremos ou que não queremos que seja eleita ou posta em vigor.
(Priberam)



Se votamos, estamos a mostrar a nossa vontade.

Se não o fazemos, deduz-se então que não temos vontade para mostrar. Quer dizer então que metade dos portugueses não tem vontade para mostrar. Quer dizer então que metade dos portugueses não se importa.

Uma espécie de atitude de "lavo as minhas mãos, se isto der para o torto, quem não votou fui eu, e isso dá-me o direito de reclamar e estrebuchar se/quando as coisas derem para o torto, mesmo que não tenha cumprido aquele que é meu dever enquanto cidadão".

Tem-se lutado tanto ao longo da história da civilização pelo direito de ter voz, de fazer ouvir a própria opinião e, afinal, quando o temos, perdemos a vontade e o interesse em fazer uso dele?...

Pois que não percebo...

Capa do Público retirada daqui

SMS - Como fazer mudar alguém de cor em meia dúzia de caracteres II

Cor-alvo: rosa de corar em público

... a próposito da mania de duplicar o 'n' do meu nome.
Porque o meu nome é demasiado plano e sem graça, pelo menos assim tento dar-lhe um toque mais interessante...

Como se tu precisasses de um toque mais interessante...


Ah... e como meia dúzia de palavras aparentemente banais consegue "fazer o truque"...

22 de janeiro de 2011

Esta manhã tropecei,
na pastelaria de todas as manhãs,
naquela pessoa que fez 2500 kms para vir ver-me
há três anos atrás...
Não o via desde então...

Não sei quantas voltas já deram as nossas vidas entretanto...

Também não sei se mais alguém um dia fará algo assim por mim...

21 de janeiro de 2011

Depois da tempestade, a preguiça

Ontem à noite vi na TV os últimos 10 minutos d'Os Pilares da Terra...

Será que isso dispensa a leitura dos dois generosos volumes da autoria de Ken Follett?...



Bem que a Marianne avisou, mas eu esqueci-me...
(Ontem já nem me lembrava dos números de alguns canais!)
Já só apanhei a coisa mesmo no fim...

20 de janeiro de 2011

SMS - Como fazer mudar alguém de cor em meia dúzia de caracteres I

Sim, sou irremediadamente viciada em SMS, não é novidade nenhuma.
E se por um lado são uma forma de comunicação muito prática e relativamente confidencial (mais do que as chamadas, que todos à nossa volta podem ouvir), de vez em quando também nos valem momentos zen, momentos de explosão, momentos de ternura...

Como a minha vida tem estado... bom... nem sei descrever como ela tem estado... Só sei que dá para coisas destas, pronto...

Arranca assim a fabulosa rubrica de homenagem ao maravilhoso mundo dos efeitos despoletados por SMS...
 
 
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Cor-alvo: vermelho de raiva


x - (...) Já sei que tu gostas é do Urban.

Já sabes que eu gosto é do Urban?!!!

Anna: Então e como é que chegaste a essa fabulosa conclusão?!

x: Tens uma foto com amigos no Urban no Facebook, não é?

Tenho, por acaso tenho.
Mas também tenho lá uma foto no IKEA (foi uma private joke, na altura), e não se conclui daí que eu gosto é do IKEA, pois não?!!

Sério, se a tua ideia de fazer conversa é isto, esquece.
Dá-te já por vencido e não te canses mais.
Nem a ti nem a mim...

Constatar...

...que tenho limites
...que não sou a super-mulher que dá a volta a tudo
...que não me pagam para fazer aquilo que considero ser uma subversão de um trabalho rigoroso
...que mesmo que me paguem para o fazer não passa a ser melhor
...que fazer coisas contra a minha vontade me deixa um sabor a fel demasiado amargo na boca
...que me falta a paciência e a calma sobretudo nestes momentos

...que preciso de dormir
...que quem quiser que espere ou que faça melhor e mais depressa

...que amanhã será outro dia...

19 de janeiro de 2011

Sou bem capaz...

... de estar neste momento a fazer o trabalho mais idiota da história da tradução!

Traduzir uma bibliografia... procurando os originais...
A sério!
F*#$#%$(&}!
Até já estou enjoada com isto!
Fisicamente, mesmo...

Ar condicionado da treta


Opah, opah, opah!
De que é que serve ter uma caixinha toda moderna de ar condicionado,
se a parva não liga mesmo
estando programada para os 30 graus?!!!

Opahhhhh!
Não consigo trabalhar assim!
Amanhã trago uma manta...

18 de janeiro de 2011

Para ler e...

... depois discutir com a Boneka.

Ela até anda com manias de intelectual e tudo...

Espero que ela não me apanhe entretanto a ler a compilação do Garfield que o Zé me emprestou...

16 de janeiro de 2011

hora mais negra 
vem precisamente 
antes
do raiar do dia.

(provérbio antigo)
Descobrir palavras assim enquanto se trabalha
pela noite dentro
é bom... 

14 de janeiro de 2011

E é só isto...


... estes dias têm sido demasiado longos e têm passado demasiadas palavras pelos meus olhos e pelos meus dedos...


Há momentos em que olho para uma página e já não consigo ver mais do que isto: uma cortina de letras incompreensíveis que eu não consigo transpor...

Estou viva e ainda mexo... mas a custo...

O fim da maratona está para breve... depois faço o balanço...

10 de janeiro de 2011

Humpff...

O problema no mundo da tradução*
é que se quer sempre tudo para "ontem",
feito depressa e bem...


*Não é só no mundo da tradução, pois não?...

8 de janeiro de 2011

A educação musical de Anna XIV


Samuel Úria ~ Império

Sem comentários...

7 de janeiro de 2011

Never judge a book by the cover (or?...)


Vale a pena espreitar a galeria com as obras expostas no âmbito desta exposição.
E se a grande maioria está habituada a pensar nas edições da Penguin como aquelas de capas minimalistas e pouco apelativas, descobrirá aqui verdadeiras surpresas...


O livro não "está" na capa, é certo, mas esta pode bem dar uma ajudinha!


CM - Concordance match*

Seria tão mais fácil se na vida, tal como nas ferramentas de tradução, fosse possível encontrar uma correspondência perfeita, uma resposta que preencha a 100% os requisitos que andamos à procura, assim automaticamente...

Perder-se-ia um bocadinho do efeito-desafio, mas certamente facilitaria muita coisa...



* Divagações que resultam de um
excesso de distracção
enquanto se trabalha...

5 de janeiro de 2011

Just wandering*

A julgar pela
quantidade de água 
que o desumidificador
já retirou cá da casa,
diria que estou
a viver num
aquário...


*not wondering